
A Maior Ilha de Ubatuba
Cercada de verde e com belas trilhas e praias, a Ilha Anchieta em Ubatuba preserva a história nas ruínas do antigo presídio, desativado após uma rebelião no passado. A ilha já foi colônia correcional, presídio político e presídio de segurança máxima, até se tornar Parque Estadual da Ilha Anchieta em 1977. Hoje o que reina por lá é o maravilhoso mar e o turismo de natureza. A maior ilha de Ubatuba e a segunda maior ilha do Litoral Norte de São Paulo, a Ilha Anchieta é visita imperdível em Ubatuba.

Sede Principal e Presídio
A sede principal do parque tem um atracadouro de concreto por onde desembarcam os passageiros das escunas, e atrás dela ficam as ruínas do antigo presídio, fundado em 1908. A partir da entrada, de um lado, existe uma trilha para a praia do Engenho, onde há um aquário natural. Para o outro lado, outra trilha leva até a praia das Palmas. Nos arredores da sede, há banheiros, churrasqueiras, parquinhos, espaço para piquenique e até um museu que conta a história do lugar. Estão em vias de implantação novas atrações, como hospedagem, lanchonete e atividades de esportes náuticos.

7 Praias Preservadas
A Ilha Anchieta possui 7 praias, que só podem ser visitadas de barco. São praias muito preservadas, praticamente intocadas, com águas muito limpas o ano todo, inclusive no verão. A maior é a praia das Palmas, que possui areias brancas, águas cristalinas e é considerada o Caribe brasileiro. A praia do Presídio e a praia do Sapateiro ficam lado a lado, em frente à sede do museu. Próximo a elas, está a praia do Engenho, onde há uma bica de água doce e um aquário natural entre as pedras, em que pode-se observar muitos peixinhos. Por ser um parque ecológico, a ilha preserva a fauna aquática bem como a limpeza das águas no entorno da ilha.

3 Praias Exclusivas
Do lado de fora da ilha, viradas para o mar aberto, estão as praias de acesso mais difícil e portanto, as mais exclusivas da ilha. Uma delas é a praia do Sul, uma das mais lindas da Ilha Anchieta. É uma praia com muitos peixes, e portanto a melhor para fazer um mergulho com máscara e observar a vida marinha. Do lado oposto estão a praia do Leste e a praia de Fora. Como ficam do lado de fora da ilha, essas praias tem certa limitação quanto à visitação por barco, o que garante a exclusividade.

Ecoturismo
A ilha pode proporcionar passeio histórico cultural incrível nas visitas às ruínas do antigo presídio. A ilha tem um trabalho de preservação, seu mar transparente chama mergulhadores e sua natureza e praias de águas calmas encantam os olhos. É por isso também que acaba se tornando uma excelente opção de passeio para famílias, casais, grupos de amigos e todos os tipos de perfil dos turistas que querem um programa diferente. É a melhor opção para um passeio de lancha em Ubatuba.

Parque Ecológico e Museu
Quem cuida da preservação da ilha é o Parque Estadual da Ilha Anchieta, que preserva e conserva os ecossistemas naturais, amplia o desenvolvimento de pesquisas e a realização de atividades de educação ambiental. O Parque Estadual da Ilha Anchieta é uma área de proteção ambiental criada pelo em 1977 do Estado de São Paulo, com administração pelo Instituto Florestal, órgão vinculado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Em sua área 8,26 km² as espécimes de fauna nativa são poucas. A maioria foi introduzida na Ilha Anchieta em 1983 pelo Zoológico de São Paulo.
História da Ilha Anchieta
O Início
Por volta de 1.550, a Ilha Anchieta era habitada pelos índios Tamoios e Tupinambás. Eles chamavam a ilha de Tapira, traduzido como “lugar calmo”. Os Tupinambás tinham como grande líder o cacique Cunhambebe. Os Jesuítas missionários, José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, conseguiram uma aproximação com o líder indígena, que resultou no “Tratado da Paz de Iperoig”, firmado em dia 14 de setembro de 1563. Foi iniciada então a ocupação da ilha, não só por portugueses, mas também holandeses, franceses e outros europeus. Viviam basicamente da pesca e da agricultura. Em 1885, a Ilha passou a ser denominada Freguesia do Senhor Bom Jesus da Ilha dos Porcos. Em 1902 a Ilha era mais conhecida como Ilha dos Porcos, quando nela foi construída uma Colônia Penal. Para tanto, foram desapropriadas cerca de 412 famílias. Esta colônia viria a ser desativada em 1914, com os presos sendo transferidos para presídios de Taubaté; mas, em 1928 foi reativada e para abrigar os presos políticos do período da ditadura de Getúlio Vargas. Nesta época, além dos habitantes originais, passaram a morar na ilha os soldados e seus familiares.
O Presídio
A colônia penal na ilha foi fundada em 1908, com o nome de “Colônia Correcional da Ilha dos Porcos” e abrigava presos comuns e menores infratores. Na década de 30, recebeu presos políticos da. Em 1934, a Ilha dos Porcos recebeu o nome de Ilha Anchieta como parte das homenagens ao quarto centenário do nascimento do Padre José de Anchieta.. Em 1952, a prisão abrigava os criminosos mais perigosos do estado de São Paulo. Eram 453 presos no dia da rebelião, vigiados por um contingente de cinquenta policiais. A ação foi planejada com antecedência e os detalhes arquitetados pelo líder Álvaro da Conceição Carvalho Farto, alcunhado de “Portuga”, que chegou a pedir para ir para o isolamento, alegando estar sendo “ameaçado” por outros presos, apenas para ter mais tranquilidade para estudar os detalhes da ação. Durante muito tempo, os detentos buscaram ganhar a confiança dos policiais e seus familiares moradores da ilha, visando facilitar a ação, no momento oportuno.
A Rebelião
O dia escolhido para a ação foi 20 de junho de 1952, pela manhã, quando 117 presos foram buscar lenha, acompanhados de apenas dois soldados. Naquele dia, por volta das 12 horas, chegaria uma embarcação, vinda de Santos, trazendo mantimentos, como sempre acontecia uma vez por mês. Os presos planejavam tomá-la de assalto para fugir da ilha. Um dos soldados que acompanhavam os presos foi morto e o outro dominado. Os detentos retornaram ao presídio, onde se confrontaram em um tiroteio com os demais soldados. Neste confronto morreram doze detentos, dois funcionários e seis soldados. Os detentos invadiram o depósito de armas e se apoderaram de fuzis, mosquetões, metralhadoras, revólveres e munição.
A Fuga
Todas as celas foram abertas, libertando os demais detentos que estavam confinados. O plano era fugir na embarcação que chegaria pouco depois. Mas a ação não aconteceu como o planejado, pois os criminosos, embriagados, circulavam armados pela ilha e a tripulação da embarcação percebeu que havia algo errado, decidindo não atracar na ilha. Os rebelados tentaram então fugir em barcos menores. Foi lançado ao mar levando mais de noventa detentos, começando a afundar pelo excesso de peso e alguns feridos foram jogados no mar. Aquelas águas tinham muitos tubarões e o sangue os atraiu. Dezenas de fugitivos morreram atacados pelos tubarões, outros baleados pela polícia ou pelos próprios companheiros. Ao chegar no continente, na praia de Ubatumirim, o barco encalhou e ficou danificada. Muitos foragidos conseguiram chegar em terra nadando e se embrenharam na mata. O presídio foi incendiado pelos detentos, antes da fuga. Muitos também embarcaram em canoas menores, conseguindo chegar ao continente. Os que ficaram na ilha, renderam-se e a situação foi controlada pelos policiais.
A Captura
Um forte aparato foi preparado para recapturar os fugitivos, envolvendo a Marinha, Exército e Aeronáutica, além das forças policiais de São Paulo e Rio de Janeiro, em uma ação que durou vários dias. A maioria dos fugitivos foi recapturada na Serra do Mar, nas regiões de Caraguatatuba, Ubatuba e Paraty. De um total de 129 detentos que conseguiram fugir, 6 nunca foram recapturados. A rebelião deixou ao todo 118 mortos, sendo 108 presos, 8 policiais e 2 funcionários.
O Fim do Presídio e o Início do Parque
O presídio da Ilha Anchieta foi desativado em 1955 e os presos transferidos para a Casa de Custódia de Taubaté, presídio de segurança máxima. Em 29 de de março de 1977, a ilha passou a ser área de proteção ambiental, com a criação do Parque Estadual da Ilha Anchieta.